quinta-feira, 13 de março de 2014

José Policarpo, pelas suas próprias palavras

  •  «Não encontrei ninguém das oposições - todas elas - que apresentasse soluções. (...) Parece que ninguém sabe que Portugal está numa crise e dá a ideia que todos reagem como se o estado pudesse satisfazer as suas reivindicações» (conferência em Setúbal, 27 de Outubro de 2013).
  • «A legalização do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo são o “mais chocante” exemplo da recente evolução cultural em Portugal» (conferência em Fátima, 19 de Junho de 2013).
  • «A sociedade aguenta tudo.» (Entrevista de 19 de Fevereiro de 2013, já depois do «aguenta, aguenta» de Ulrich.)
  • «As manifestações e o povo a governar resultam na “corrosão da harmonia democrática” (...) os problemas não se resolvem “contestando, indo para grandes manifestações” (...) este sacrifício levará a resultados positivos, tanto para nós como para a Europa» (conferência de imprensa, 12 de Outubro de 2012; num momento de grandes manifestações contra a austeridade e a TSU).
  • «Esperava que o Presidente usasse o veto político. Sabemos a fragilidade do veto político na nossa actual Constituição, mas ele, pela sua identidade cultural, de católico, penso que precisava de marcar uma posição também pessoal (...) se o fizesse, ganhava as eleições» (declarações em 28 de Maio de 2010, após a promulgação do casamento entre pessoas do mesmo sexo).
  • «Também havia ordenados altos [na Universidade Católica] e o princípio era este: quando uma pessoa num lugar gera o dobro do dinheiro que ganha, pode ganhar. Isto significa o quê? Que há pessoas que têm tais mais-valias como gestores que as empresas arriscam pagar-lhes muito. Até porque, se não o fizerem, perdem-nos. E depois há contratos. No caso mais discutido [de António Mexia, da EDP], que foi nosso colaborador na Católica, está perfeitamente claro nos contratos que fizeram com ele» (entrevista, 9 de Maio de 2010). 
  • «[Laicidade] é uma nova forma de hegemonia totalitária que se disfarça com as vestes da democracia» (conferência na universidade católica, 25 de Janeiro de 2010).
  • «Pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam» (numa «tertúlia», em 13 de Janeiro de 2009).
  • «As pessoas começam por esbarrar com as dificuldades e habituam-se à ideia de um só filho. Desde que se quebre o coeficiente de equilíbrio a sociedade fica aberta a ser ocupada por gente vinda do terror e vinda do Ocidente e do Oriente como diz o Evangelho. O que faz com que seja previsível que dentro de alguns anos as sociedades europeias percam a sua fisionomia do ponto de vista religioso, do ponto de vista comportamental, cultural.» (Entrevista ao Sol, 1 de Março de 2008)
  • «Todas as expressões de ateísmo, todas as formas existenciais de negação ou esquecimento de Deus, continuam a ser o maior drama da humanidade, que tiram todo o sentido ao Natal» (homilia de Natal, 2006).
  • «Apesar do apregoado respeito pelas religiões e pela fé de quem acredita, alguns não hesitam em brincar com o sagrado; chegou-se mesmo a apregoar, em nome da liberdade, o direito à blasfémia. (...) com o sagrado não se brinca. O respeito pelo sagrado é algo que a cultura não pode pôr em questão, mesmo em nome da liberdade.» (Março de 2006, a propósito das caricaturas de Maomé).
Comentário: esta é, certamente, uma visão parcial do pensamento de José Policarpo - um homem que me merecia respeito intelectual - mas é um necessário contraponto ao que se diz após o seu falecimento. Deve referir-se todavia que, comparado com alguns dos seus pares (Jorge Ortiga ou Carlos Azevedo, por exemplo), era um moderado.

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