domingo, 25 de outubro de 2009

O dilema do historiador - IV

Por fim, José Matias pode pensar assim:

«Seja por magia ou não, a verdade é que podemos assumir que recuperar um braço é um evento extremamente improvável.

Existem inúmeras explicações possíveis para os três textos com os quais tomei contacto, bem como para a tradição oral. É comum que mitos sem fundamento sejam passados de geração em geração, e existem inúmeras formas em relação às quais uma história falsa pode ser tomada como verdadeira. Os alguns líderes Flubos poderiam querer incentivar a auto-confiança dos seus aldeões na luta contra um inimigo poderoso como os Astecas espalhando rumores a respeito da magia muito poderosa dos seus curandeiros, ou os membros da aldeia de Tui poderiam ter espalhado essa história depois da morte do seu líder para ganhar mais respeito por parte de outras aldeias, etc...

Cada uma destas várias possíveis explicações é altamente improvável, mas ainda assim muito mais provável que a recuperação do braço que, com magia ou sem ela, é algo tão raro e improvável que seria mais extraordinário que qualquer destas explicações.


No seu conjunto, que exista magia ou não, e face aos indícios a que temos acesso, é biliões de vezes mais provável que Tui não tenha recuperado o seu braço. Biliões é uma força de expressão, a diferença entre ordens de grandeza é muito superior a isso.
É possível dar como certo que Tui não perdeu o braço.

Em termos históricos é possível afirmar que Tui não perdeu o braço, e quem em finais do século XIV um mito surgiu entre os Flubos. Seria interessante investigar porquê.»

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