sábado, 20 de junho de 2009

Burqas...

Os franceses estão a debater a possibilidade de proibirem o uso das burqas em público.

Eu não tenho opinião definitiva sobre este assunto. Por um lado, obrigar estas mulheres a andarem, do ponto de vista delas, despidas em público, é uma violência enorme. Por outro, autorizar a discriminação sexual mais troglodita e medieval em público parece-me uma violência ainda maior.

21 comentários :

Anónimo disse...

Os franceses sofrem de dupla moral...
vociferam tudo contra o islam... mas diminuem as criticas quando se trata de catolicismo....

"grand hipocrisie!"

JDC disse...

De facto o grande problema é distinguir os casos em que as mulheres querem, efectivamente, usar as burqas e as que usam apenas porque a isso são obrigadas... Se por um lado corremos o risco de compactuar com discriminação sexual por outro corremos o risco de negar a liberdade religiosa das pessoas!

Filipe Castro disse...

Precisamente. O Concílio Vaticano 2 foi brutal para muitos padres e freiras, sobretudo velhinhas e velhinhos, porque destruíu o mundo em que eles viviam.

Mas a maioria das burcas são uma moda, o afirmar desesperado duma cultura que é odiada e desprezada na Europa e nos EUA.

Ou seja, as pessoas que se sentiriam verdadeiramente nuas e expostas devem ser muito poucas. Li no NYT que o fim das burqas nas escolas públicas teve pouquíssimas consequências deste tipo (duas em toda a França, segundo o NYT - não me lembro se o jornalista era judeu, mas o NYT é muitíssimo anti-árabe).

...e li na altura que um padre, que tinha aplaudido a proibição das burqas e dos kippahs, apareceu fardado, todo contente, num liceu, para dar aulas, e foi mandado para casa, vestir-se decentemente! :o)

zé gato disse...

"Os franceses sofrem de dupla moral...
vociferam tudo contra o islam... mas diminuem as criticas quando se trata de catolicismo...."

não sabe o que diz, este. e escreve-se islão.

quanto ao post, concordo com o filipe. é uma prática muito enraizada, mas é degradante para a mulher.

Pedro Morgado disse...

Penso que se trata de um assunto muito sensível. Ainda assim, tal como escrevo no meu blogue, a forma como o Islão trata as mulheres não é compatível com a dignidade que lhes reconhecemos na sociedade a que chamamos ocidental. E não há multiculturalismo nem relativismo moral que resistam à sagrada violação dos mais elementares direitos individuais.

P Amorim disse...

Se uma pessoa aparecer em fato de banho na ópera, ou de fato de gala na praia, há uma questão de erro de contexto. No caso das burcas e niqab passa-se o mesmo nas sociedades ocidentais, há uma desadequação aos usos e costumes locais.
Além disso, a meu ver, há um problema claro de segurança que tem de ser tido em conta, devido à ocultação total da identidade da ou do portador de tal traje.

Zeca Portuga disse...

Sou pela liberdade, desde que tal não prejudique terceiros – como é o caso!

A constante e crescente islamização da Europa implica que nós saibamos convier com a cultura islâmica.

Por mim, cristão católico convicto, mas muito bem relacionado com os árabes aceito e apoio a expressão, por todas as formas não violentas, da sua cultura, da sua religião da sua etnografia.

A grande maioria dos Europeus, são extremamente xenófobos e primam por discriminar os povos islâmicos, quase sempre pró ignorância e estupidez. Se os ateístas são os piores, infelizmente, alguns cristãos não são bons exemplos neste caso.

Expressar a sua religião, a sua cultura ou a prática social da sua origem é um direito.
Alguns dos signatários da DUDH, como a França, a Alemanha… etc… são os primeiros a negar os direitos plasmados na Declaração.

Hipócritas estúpidos, abismais fossos de imbecilidade e da mais retrógrada e impostora vilania, limitam os Direitos do Homem, ferindo a Declaração, em nome dos direitos do homem que inventam ou interpretam à sua maneira.
A universalização da estupidez franco-germânica, apoiada por uma corja de “intrujas” e analfabetos patetas (v.g. os ateus), demonstra bem a falta de carácter e de maturidade da “união soviética do europa ocidental”.

Anónimo disse...

Bosnia e Albania sao 2 paises 100% europeus de maioria islamica... mas nao vejo ninguem os condenar

Ricardo Alves disse...

É como dizes, Filipe. Há proibições que libertam.

Anónimo disse...

Este atake da França contra a burka.. somente é 1 hipocrisia!

Ricardo Alves disse...

Hipocrisia porquê, Stefano?
Quando se proibiram os véus na escola pública, também se proibiram os crucifixos e os quipás...

Anónimo disse...

aí sim... agora a historia é outra!!

ah.. é impressao minha ou 2 paises islamicos europeus.. Bósnia e Albânia são seculares?

Jorge Santos disse...

Filipe, quer-me precer quese está a contradizer:
"Eu não tenho opinião definitiva sobre este assunto. Por um lado, obrigar estas mulheres a andarem, do ponto de vista delas, despidas em público, é uma violência enorme. Por outro, autorizar a discriminação sexual mais troglodita e medieval em público parece-me uma violência ainda maior."
Não me parece que seja violência uma coisa ou outra. Acho que com o tempo as pessoas habituar-se-iam. Mas não faço ideia, porque nunca convivi om muçulmanos o suficiente para sabe-lo.
Seja como for, acho que a questão deve ser feita noutros moldes:
Se é permitdo na Europa que as pessoas andem com crucifixos ao peito, porque não pode ser permitido ás muçulmanas andarem de burqa?
Além do mais, acho que ao proibi-lo, a França está ser como os países muçulmanos - fundamentalista.
Eu acho que cada pessoa deve andar como quiser, o que nada tem a ver com a existencia de objectos religiosos em edifícios publicos - aí já sou totalente contra.
Os franceses simplesmente compraram uma guerra que nem o Afonso Costa!
Aliás, o "laicismo" dos franceses parece-me mais o seu cristianismo a falar do que outra coisa.

Vinícius Rosa Cota disse...

Considero andar pelas ruas com um pingente de crucifixo ato de tão bom gosto quanto se fosse um pingente de uma cadeira elétrica com um réu nela fritando. Ambos são métodos de execução, este moderno, aquele antigo. De qualquer maneira, ambos são diferentes, muito diferentes da burca. A burca é feita e aplicada com o propósito explícito de suprimir a identidade feminina na religião islâmica, rebaixando, portanto, a mulher a um nível sub-humano. Mais ainda, a opressão masculina para que as mulheres islâmicas usem o acessório medieval é grande o suficiente para que elas nunca admitam que não se trata de vontade própria.

Anónimo disse...

axo certo proibir a burka especialmente por razões de segurança...
Alguém pode assaltar usando burka....
e sem as vitimas verem a identidade da pessoa má.

Jorge Santos disse...

Sefano, desculpe-me a franqueza, mas nunca ouvi coisa mais idiota, o que me leva a crer que não estava a falar a sério.
Já agora proibir o uso de gorros, mascaras de carnaval e meias, para evitar precisamente a mesma coisa.

Nunca vi nenhum mulher muçulmana na França a andar de burqa completa na rua. Normalmente, usam-se apenas a cobrir o cabelo, deixando a cara visivel. A burqa completa, pelo que sei, só se usa nalgumas partes da Arábia Saudita mais conservadoras.
Não estou a defender de modo algum o uso da burqa, que considero retrógrado e um símbolo da opressão sexista sobre a mulher, mas acho que o proibi-lo está apenas a criar mais problemas com o mundo muçulmano e é contrário liberdade individual que nós europeus defendemos.
Acho estranho que ninguem se espante por ser a direita francesa que mais se opõe ao uso da burqa. A direita...cristã e conservadora, portanto.
Não esqueçamos que num pais demcorático europeu como a França, as muçulmanas são cidadãs e livres de fazerem o que bem entenderem. Se querem usar a burqa problema delas. Talvez acabem por mudar de ideias com o tempo.

Ricardo Alves disse...

«Space Aye»,
a questão é que justamente muitas mulheres residente em França, muçulmanas, têm atitudes de total sujeição aos maridos. Portanto, será que são mesmo cidadãs livres?

(A burca é um traje afegão; existem também alguns trajes da península arábica que tapam a cara deixando apenas os olhos da mulher à vista. Já vi trajes desses em uso em Lisboa e no Seixal.)

Anónimo disse...

Space... digo na kestão de tapar todo o rosto!!! véu difere de burka!!

"Acho estranho que ninguem se espante por ser a direita francesa que mais se opõe ao uso da burqa. A direita...cristã e conservadora, portanto."

ah é.. direita-cristã?? se realmente for.. ela não tem moral pra condenar os islamicos!

Jorge Santos disse...

Ok, esqueci-me do Afeganistão.
Por acaso nunca vi disso em Portugal, mas acredito que tal prática levada tão ao extremo seja caso muito raro na Europa.
Sim, é verdade que são obrigadas pelos maridos, mas se as mulheres não tivessem lutado pelos seus direitos, hoje a violência doméstica não era crime.

dorean paxorales disse...

(estou a escrever sem ter lido os outros comentários)

a solução para o teu dilema é simples: absolva-se a burca caso o homem também a use.

Anónimo disse...

Orwell referiu-se à ideologia da Eastasia como Obliteration of the Self. A burqa e o niqab não poderiam ser maiores obliteradores da individualidade - defender estas duas práticas de hijab em nome da individualidade é muito difícil e quase sempre contraditório.