quinta-feira, 28 de maio de 2009

Uma campanha triste

As campanhas eleitorais para as eleições europeias deixam sempre a maioria da população indiferente. E com razão: mesmo se a maioria provavelmente não se apercebe de que o Parlamento Europeu é uma mera câmara consultiva, que pode vetar legislação mas não a pode iniciar, é óbvio que nunca uma eleição para o Parlamento Europeu provocou a queda ou mudou a orientação política de uma Comissão Europeia. A União Europeia, como deveria ser explicado por políticos que quisessem realmente esclarecer os cidadãos, é efectivamente governada pelo Conselho Europeu, ou mais concretamente pelo Directório de grandes países que o domina pela força de Tratados que conseguem o prodígio de reconhecer o peso da demografia desconhecendo a democracia.

Para o futuro da União Europeia, o mais importante são portanto as eleições nacionais na Alemanha, na França, na Itália e no Reino Unido.

No pequeno Portugal, os candidatos ao Parlamento Europeu nunca assumem nada disto, embora o saibam. E portanto não podem prometer mudanças nas políticas da UE, porque sabem que elas dificilmente virão do Parlamento Europeu; e não podem prometer mudanças na mecânica política da UE, porque essas só poderão resultar de eleições de âmbito nacional, com os grandes Estados a liderar o processo.

As eleições nacionais para o Parlamento Europeu são o melhor exemplo da democracia enquanto Catch 22: nada de substancial será mudado pelo voto, porque o próprio sistema (União Europeia) está construído para evitar que isso aconteça. O que torna a campanha triste e apagada.

2 comentários :

Jorge Santos disse...

Ou seja, a União Europeia é no fundo o novo Império Romano já na era pos-SPQR.
A diferença é que são os próprios países que se querem juntar a ele e não ele que os absorve á força.
Mas que visão tenebrosa...

Ricardo Alves disse...

Sim, é um Império. Germano-francês, e com algo de romano.