quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Pio XII teve a coragem de ficar paralizado pelo medo

É aquilo que ainda falta Bento XVI dizer no seu esforço de interpretar a história por forma a que Pio XII não pareça um vilão conivente com o nazismo, mas sim um heroi com a coragem de não denunciar os horrores do regime de Hitler.

«Afrontou a tragédia bélica como nenhum líder do seu tempo fez. Ainda diante da monstruosa perseguição dos judeus, num silêncio consciente e sofrido, voltado para a eficiência de uma obra de caridade e socorro indiscutível» diz Bento XVI.

Pois é! Enquanto Churchill, e mais tarde Estaline e Roosevelt, lideravam os seus exércitos contra a tropas do eixo, Pio XII tinha a coragem de seguir o exemplo de Cristo e dar a outra face como, vá, poucos, líderes o fizeram. Mas depois foi mais caridoso que qualquer outro, tendo sido criado o "corredor Vaticano" para deixar os nazis fugirem à justiça dos aliados.

Entre concordatas negociadas (mesmo antes de ser Papa), e o assinalar do aniversário do Fuhrer no Vaticano, Pio XII mostrou a sua determinação na forma como sugeriu o apoio ao regime de Ante Pavelić, quando pelos vistos abominava o nazismo, demonstrando em todas estas acções uma hipocrisia heróica.

Observe-se melhor este heroísmo, na mensagem de parabéns que era dirigida a Berlim sempre que Adolf Hitler fazia anos:

«As mais calorosas felicitações ao Fuhrer em nome dos bispos e dioceses da Alemanha. Fervorosas as orações que os católicos alemães enviam dos seus altares ao céu.»

Vale a pena reler esta mensagem, e considerá-la (mais) um forte argumento para a beatificação de Pio XII que a Igreja pretende consumar. Alguns judeus sentem-se quiçá ofendidos com a ideia, mas todos sabem que foi essa a raça que crucificou Cristo.

13 comentários :

Ricardo Alves disse...

Se sofreu com o sofrimento alheio, mesmo que não se tenha notado, então foi um seguidor de Cristo. Logo, tudo está bem, João Vasco. Essas coisas das Concordatas, do apoio aos genocidas ustasas, ao regime da Eslováquia (dirigido por um padre) e, particularmente, o apoio à fuga de nazis, são meros detalhes. Não percebes nada disto, JV! ;);)

Anónimo disse...

Enfim, o papa quer ao beatificar Pio XII, limpar uma parte mais recente do vergonhoso passado da igreja católica.

Anónimo disse...

E sabe quem é o historiador Martin Gilbert? sabe o que ele disse sobre o papel do papa na salvação de judeus há poucos dias (sendo também ele um judeu) ou outras sumidades na matéria como Fest ou Bevoor ou vai chutar para canto?

p.s. sim, Estaline foi muito corajoso a declarar guerra á Alemanha, de facto caramba, eles tinham um caso sério.

E já agora, tanto Churchill como Truman alguma vez acusaram o Vaticano de alguma coisa?

Anónimo disse...

E já na onda de massacres porque nao se fala na Flandres onde em 9 de Abril de 1918 foram chacinados milhares de portugueses para que Costas, Bernardinos e demais tralha jacobina tivessem algum reconhecimento a nível internacional?

João Vasco disse...

Pedro:

Então o Papa decide beatizar um líder que ou foi simpatizante do nazismo, ou um dos maiores hipócritas da história, e eu tenho de referir o massacre das não-sei-quantas que não tem nada a ver?

Será que deveria também falar nos escravos de Tomas Jefferson, ou no machismo de Aristóteles?


Quanto ao historiador Martin Gilbert, essa referência fala por si.
Se eu quiser defender a evolução, o holocausto, a gravidade ou a falsidade do geocentrismo não preciso de citar nomes. São factos indisputados pela comunidade científica.
Mas se eu quiser disputar estes factos, poderei sempre encontrar um estudioso qualquer para citar.

O mesmo se passa com Pio XII. A Igreja pode encontrar 20, 30 ou 40 historiadores que elogiem a sua atitude. Os evangélicos ainda encontram mais "biólogos" criacionistas. Mas os factos são o que são, e o "corredor Vaticano" foi tão real quanto o holocausto. Todos os comunistas e socialistas estão excomungados, mas Hitler nunca o foi. E estava em suficiente comunhão com a Igreja de Roma para receber as mais belas preces todos os aniverários. Na Croácia e na Eslováquia a igreja apoiou os que promoviam a limpeza étnica. E foi um partido católico que permitiu a Hitler chegar ao poder, tal era o medo dos socialistas e social-democratas. Foi Pio XII, ainda não era Papa, que negociou a concordata com Hitler, e era por ele que Hitler torcia quando o Vaticano decidiu o sucessor de Pio XI.

Qualquer católico decente e informado deveria ter vergonha daquilo que o Papa anda a fazer. Daqui a uma gerações pedirão desculpas, como já vem sendo hábito. "Ah e tal, a Igreja é feita de homens imperfeitos" - nota-se.

Filipe Castro disse...

Caro Pedro,

Acalme-se. Nenhum de nós, aqui no ER, quer canonizar nenhum Costa, nenhum Bernardino, nem nenhum Jacobino. :o)

Ricardo Alves disse...

Pedro,
deixe-me só acrescentar, ao que disse o JV, que a participação portuguesa na 1ª guerra teve como objectivo principal garantir que as colónias portuguesas não seriam partilhadas pelas grandes potências (Alemanha e Inglaterra). Os monárquicos da época sabiam-no bem. Os de hoje parece que não. O que só prova que monarquismo é regressão... ;)

Anónimo disse...

E de onde tirou o Ricardo Alves a conclusao de que sou monárquico? Também me vai chamar fascista se lhe recordar que Salazar também adoptou a mesma linha de pensamento na sua guerra colonial?

Bem, Joao Vasco, entao para fundamentar a minha opiniao nao entende que é lógico recolher a informaçao de estudiosos como os que citei, com o respectivo trabalho académico e científico? Ou devemos só referi-los quando o resultado nos convém? Convenhamos que não seria a mesma coisa se eu citasse os frequentadores de qualquer taberna...

Espero que saiba que na maioria dos cursos de história "a minha posiçao" é maioritária e nao é por obrigaçao do Vaticano que assim é.

Agora isso de me vir falar de decência não lembra o demonónio.

Caro Filipe Castro estou calmo ainda para mais nao estou armado, pode portanto ficar tranquilo.

Anónimo disse...

P.S. demónio e não demonónio pois claro está que este último nao existe:)

P.S.2 Já agora Joao Vasco refira-nos os seus estudiosos.

João Vasco disse...

Pedro:

Não se entendeu o que eu disse, mas vou explicar de outra forma.

Um indivíduo que negue o holocausto pode defender a sua posição citando X e Y. Até me pode pedir que cite quem discorda com o objectivo de refutar ou menorizar esses nomes.
Mas quando tratamos de factos indisputados não afirmamos que assim é por A ou Z o afirmou. As evidências são simplesmente avassalodoras. Não segundo quem é que D. Afonso Henriques foi o 1º Rei de Portugal, ou segundo quem Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia. É basciamente segundo todos.

Mas o último sítio onde ouvi falar sobre - por exemplo - o corredor Vaticano foi:

Ratlines: The Vatican Nazi connectio, de Mark Aarons e John Loftus

Também já tinha lido sobre isso no livro "Santa Aliança" de Eric Fratini.

Para quem estiver interessado creio que o artigo da wikipedia que citei tem outras referências.

Mas há algum facto que aleguei que esteja em disputa? O envolvimento do Vaticano no que se passou na Croácia? Na eslováquia? Que negociou a concordata com Hitler? Que lembrava os seus aniversários com mensagens amistosas? Que nunca o excomungou?

São factos históricos conhecidos, como a conquista de ceuta, ou a derrota em Alcácer Quibir. Que importa quem é que eu cito?

Filipe Castro disse...

Fico mais socegado. :o) Aqui a religião continua associada à violência. Embora não se possa, evidentemente, generalizar. Hoje estava a falar aos meus alunos dos puritanos que colonizaram a América no século XVII e dois levantaram-se e sairam.

Ricardo Alves disse...

Eu não disse que o Pedro era monárquico. ;)

Anónimo disse...

o papa atual foi da Hitlerjugend.... e venera o papa de Hitler... Pio XII...

ah....
Pio XII tem passado negro....
quando era cardeal Pacelli... ele intruiu o partido católico de Centro (Zentrum) a votar a favor de 1 lei de exceção em 1933 que dava imensos poderes a Hitler... em troca... o III Reich assinou concordata com o vaticano. Pacelli participou da assinatura da concordata.
Pacelli e o Vaticano não tomaram nenhuma atitude contra os prelados alemaes e austriacos que apoiavam Hitler. Nem se importaram com a presença de capelães na SS e Wehrmacht.
Pio XII nao condenou o padre Jozef Tiso, ditador eslovaco (pró-nazista).Tiso massacrou judeusmciganos e opositores.
Tampouco condenou o regime Ustasha (Croácia) liderado por Ante Pavelic. o regime era nazi-catolico e exterminou opositores, ortodoxos servios, ciganos e judeus... a crueldade Ustasha escandalizava até mesmo os nazistas! Padres participavam pessoalmente das atrocidades... promoviam conversoes forçadas,torturas e assassinatos.
Pio XII foi alertado ... mas se omitiu criminosamente.
Depois da guerra... varios nazis e ustashas(Mengele,Eichmann,Pavelic etc.) fugiram da Europa com ajuda do Vaticano,CIA e Cruz Vermelha (Ratlines). Os prelados Hudal*,Draganovic**,Montini***,Tisserant,Caggiano e Siri estavam envolvidos com as Ratlines.

*austriaco, membro do NSDAP
**croata e antigo oficial de Pavelic.
***ele se tornou o papa Paulo VI