domingo, 28 de outubro de 2007

Beatificai-os também

O Ratzinger e o Saraiva Martins andam a beatificar franquistas abatidos durante a guerra civil espanhola. Por mim, também podem beatificar estes:
E mais estes:
  • «[A guerra é] a Cruzada mais elevada que os séculos já viram (...) uma cruzada onde a intervenção divina a nosso favor é bem patente» (bispo de Pamplona);
  • «A guerra é cem vezes mais importante e sagrada do que o foi a Reconquista» (bispo de Segóvia);
  • «A guerra foi pedida pelo Sagrado Coração de Jesus que deu forças aos braços dos bravos soldados de Franco» (arcebispo de Valência);
  • «A igreja, apesar do seu espírito de paz (...) não podia ficar indiferente na luta (...) Não havia em Espanha nenhum outro meio para reconquistar a a justiça e a paz e os bens que dela derivam que não fosse o Movimento Nacional» (carta pastoral dos bispos espanhóis);
  • «[O General Franco] é o instrumento dos planos de Deus sobre a Terra» (cardeal Goma)
  • «[A guerra é] uma luta entre a Espanha e a anti-Espanha, a religião e o ateísmo, a civilização cristã e a barbárie» (cardeal Goma);
  • «Judeus e maçãos envenaram a alma nacional com ideias absurdas» (cardeal Goma);
  • «Ninguém pode negar que o 'deus ex machina' de esta guerra foi o próprio Deus, a sua religião, os seus foros, a sua lei, a sua existência e a sua influência atávica na nossa história» (carta pastoral dos bispos espanhóis);
  • «Os galantes mouros (...) embora tenham retalhado o meu corpo apenas ontem, merecem hoje a gratidão da minha alma, pois estão a combater pela Espanha contra os espanhóis... Quero dizer os maus espanhóis... Estão a dar a sua vida em defesa da sagrada religião espanhola, como prova a sua presença no campo de batalha, escoltando o Caudillo e amontoando santos medalhões e corações sagrados nos seus albornozes» (General Millan Astray, fundador da Legião Estrangeira);
  • «Para milhões de espanhóis (...) o cristianismo e o fascismo misturaram-se e é impossível odiarem um sem odiarem o outro» (François Mauriac, em carta ao cunhado de Franco);
  • «[A guerra é] um teste de força entre o comunismo judeu e a nossa tradicional civilização ocidental» (Hilaire Belloc);
  • «Elevando a nossa alma a Deus, congratulamo-nos com Vossa Excelência pela vitória tão desejada da Espanha católica. Formulamos os nosso votos de que o vosso querido país, uma vez obtida a paz, retome com vigor acrescido as suas antigas tradições cristãs que lhe grangearam tanta grandeza. É animado por estes sentimentos que dirigimos a Vossa Excelência e a todo o nobre povo espanhol a Nossa benção apostólica» (Pio 12, papa da ICAR, em mensagem dirigida a Franco na véspera da conquista de Madrid).

E não se esqueçam do bispo de Málaga:
[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]

10 comentários :

Anónimo disse...

pelos vistos a extrema esquerda é conhecida por mata-padres

Ricardo Alves disse...

«tric»,
qual é a diferença entre matar um padre e um não-padre?

Anónimo disse...

é a mesma que matar um ministro da republica e um não ministro

a simbologia é que é diferente

Fernanda Valente disse...

Um tema muito oportuno.
Se dúvidas houvesse, pelo menos ficamos a conhecer a posição ideológica da alta autoridade eclesiástica, em Roma.
Pena é que os pastorinhos de Fátima ainda não tenham merecido o mesmo tratamento; ao que consta ainda não foi operado nenhum milagre...

Mathias Euphorbus disse...

Quanto aos pastorinhos, não há informação, que tenham tido ligações, ou tenham tinho atitudes que nos pudessem dizer que simpatizavam com o regime de Salazar. Mas visto isto, já não sei...
Quanto ás beatificações, não há muito a dizer. Mais uma vez a Igreja mostra-nos a sua hipocrisia em todo o seu esplendor e mostra-nos também que sabe agradecer a um regime que por si tanto fez. A santidade podre eclesiástica continua a mostrar de que massa é feita a verdadeira igreja, e quase que se podem ouvir os suspiros saudosistas de regimes que não o nosso...

Ricardo Alves disse...

«tric»,
não há diferença entre matar um ministro ou um não ministro. Pelo menos, para mim.

Anónimo disse...

Pois para si todas as vidas devem ter mesmo valor certo? o rei D.Carlos também está incluido nesses valores ou está um pouco mais abaixo?

João Vasco disse...

raymax:

Se todas as vidas valem o mesmo, então haveria muito mais mortes a lamentar na revolução republicana do que essa em particular. Mas é normalíssimo que as revoluções ocorram com mortes.

Alguém acha que os EUA deveriam continuar dependentes da Inglaterra, ou se indigna com os milhares de mortos que essa revolução provocou?

Esse tipo de hipocrisia e duplos critérios impressiona-me. De repente o "reizinho" já não justifica uma revolução. «Façam revoluções e combatam as ditaduras, mas sem mortes...»

Depois invade-se o Iraque para promover a democracia...

Anónimo disse...

Claro que é normalissímo haver mortes na revolução, pena é se são as nossas barbas a arder não é?? se fosse preciso o teu sangue co~mo seria...ah pois, não me venha falar de hipocrisia

João Vasco disse...

reymax:

E o mesmo que disse não se aplica à revolução americana? E as revoluções liberais em Portugal? Que eu saiba causaram centenas de mortos. Preferia o absolutismo?

Ou vai dizer mal da democracia que causou, na luta contra o absolutismo centenas de vezes mais mortes?

Acha muito mal porque "podia ser o seu sangue" apenas quando é o rei que morre. Os outros parecem importar menos.

Ou então, vamos a ver e preferia mesmo o absolutismo...