terça-feira, 29 de maio de 2007

Revista de blogues (29/5/2007)

  1. «Dado que o “grau de popularidade” das instituições e figuras políticas se presta a frequentes utilizações destinadas a substituir a argumentação pela autoridade dos números (...), atente-se nos resultados do barómetro da Marktest, publicado nos jornais de ontem. O PS lidera as intenções de voto (47%) a larga distância do PSD (27%) e, ainda mais, dos restantes partidos PCP e BE (8%) e CDS-PP (6%). Isto quer dizer que o PS, se fosse a votos na data das entrevistas, tinha assegurado um resultado que poderia repetir a maioria absoluta. Porém, o que vemos em provas eleitorais parciais (regionais da Madeira, autárquicas e, provavelmente, na próxima futura de Lisboa) é um partido que ganha em abstracto (ideias gerais para o país) e perde -- ou ganha menos -- no concreto (soluções específicas para os problemas das pessoas). (...) Porque será que “ninguém” reparou, agora, que o resultado do 1º Ministro ficou abaixo dos valores atingidos pelo seu partido? E que 6 (seis) dos seus ministros se apresentam com taxas negativas, três deles com saldos da ordem dos dois dígitos (Agricultura, Educação e Saúde)?» («Um circo no deserto (3)», no Puxa Palavra.)
  2. «Passaram 30 anos sobre uma das mais traumáticas e sangrentas lutas pelo poder nos movimentos-partidos que emergiram nas independências das antigas colónias portuguesas, organizações estas vindas directamente das guerras de libertação e transformadas repentinamente de organizações guerrilheiras, em que o figurino militar predominava, para organizações políticas mantendo uma forte componente militar e a tomarem posse dos Estados criados com as independências, socorrendo-se de um marxismo-leninismo colado à pressa. Refiro-me, é claro, ao “golpe” de 27 de Maio de 1977 e suas consequências. Na tríade dos movimentos-partidos mais importantes (MPLA, Frelimo e PAIGC), sem dúvida que o MPLA era o que se apresentava mais frágil, com um contexto de ingerências mais contundentes, estava profundamente minado por rivalidades internas e cisões e possuía a liderança mais problemática (Agostinho Neto tinha tanto de carisma como de perfídia autoritária). (...) Muito mistério aguarda a abertura de arquivos para se vir a saber como foi possível que, em 1977, Brejnev não tenha telefonado a Fidel Castro para o informar do golpe que o KGB preparava contra Neto, concertando posições, e Fidel Castro não tenha telefonado primeiro a Brejnev a avisá-lo que ia mandar as tropas cubanas fazer fracassar o golpe e conservar Neto no poder, ajudando a dizimar os angolanos pró-soviéticos.» («Trinta anos depois, haja reconciliação e História», no Águalisa(6).)

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