quinta-feira, 1 de março de 2007

Revista de blogues (1/3/2007)

  1. «Numa tentativa de angariar dividendos políticos para os «mártires» perseguidos pelos «fanáticos» laicos, em alturas de pré-campanha para o referendo assistimos à importação cá para o burgo de uma das invenções mais lucrativas para os cofres das igrejas e organizações cristãs americanas: a guerra ao Natal! Invenção abundantemente debitada nas páginas do Público, em artigos que subentendiam estar a Associação República e Laicidade - uma «quadrilha de idiotas», «importante colecção de cretinos» e «estúpidos sem fronteiras» nas palavras de Bento Domingues, O.P. -, empenhada, com «manifesta tolice», «burrice mais aguda» e «maldade», numa inventada «guerra» ao Natal, manifesta, por exemplo, na utilização de «Boas Festas» em vez de «Bom Natal». (...) Como o alvo destes mimos são os laicistas, pressupostos ateus, os crentes acham normais e tolerantes as palavras do frei. (...) Todos têm o direito a acreditar no que quiserem, em astrologia, quiromancia, reikis «quânticos», psicografia, que Xenu está vivo e confinado por campos de força alimentados por uma bateria eterna, que o Elvis está vivo mas foi raptado por extraterrestres, que a Terra e o Universo foram criadas por Apsu, Haashch’eelti’i, Olodumare, Gisoolg, Ungambikula, Odin, Deus e restantes mitos sortidos. Agora, ninguém tem o direito a exigir que eu «respeite» quaisquer disparates coibindo-me de os criticar, muito menos tem o direito a exigir que eu aja como se esses disparates fossem a «verdade absoluta».» («A Quintessência da Tolerância», no Random Precision.)
  2. «Houve um referendo, há pouco tempo, em que se perguntava: "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?" Ganhou o sim. O não, perdeu. Não consigo imaginar, porque diabo é que se devia perguntar às pessoas, que não queriam ver a lei alterada, como é que a nova lei, baseada na consulta popular, deveria funcionar. Relembro que, as direcções do PSD e CDS se declararam pelo não de uma forma clara e marginalizaram, de forma ostensiva, os seus militantes que declararam votar no sim. Mais, sentir-me-ia ofendido se fosse convidado para discutir uma lei que fosse, claramente, contra as minhas convicções. Ou então, e afinal, estas pessoas que votaram não, não votaram por convicção mas sim porque era “corporativamente” correcto votar nesse sentido. Só desta forma é que posso compreender a “vontade” de querer participar na elaboração de uma lei que, teoricamente, vai contra as suas consciências.» («E dura, dura, dura», no blogue da Revista Atlântico.)

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