sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Leituras recomendadas (25/1/2007)

  1. «Entre 1996 e 2002, cerca de nove mil mulheres portuguesas interromperam a gravidez em clínicas espanholas. Muitas outras, sem capacidade económica para tal, foram obrigadas a recorrer a estabelecimentos clandestinos em Portugal, muitas vezes com risco para a própria vida e sujeitas à perseguição judicial. É esta realidade que urge mudar. (...) Segundo um estudo publicado na Revista Portuguesa de saúde Pública relativamente às estimativas de abortos clandestinos de 1993 a 1997, Portugal apresenta nesse período as mais elevadas taxas da Europa. Por cada mil mulheres em idade fértil (dos 15 aos 44 anos), no nosso país realizaram-se 38,61 abortos, enquanto na Europa a taxa foi de 28. Tendo em conta o número de abortos por 100 nados vivos, em Portugal registaram-se 78,15 abortos clandestinos, enquanto na Europa, em 1993, o número foi de 19,88. Como resolver este problema de saúde pública? Não há outro caminho senão o despenalizar a IVG no primeiro trimestre. Este é um problema de política criminal. Se a lei não é obedecida, pois não corresponde à consciência comunitária, se ela não defende o embrião nem o feto, se é a lei que cria um problema de saúde pública, então há que alterá-la, já que é uma lei meramente simbólica.» («NÃO ao obscurantismo criminalista», no Mais Livre.)
  2. «No anterior referendo votei "Não". De acordo com a minha consciência era o que achava certo. Mudei de opinião. Não em relação àquilo que é para mim o aborto. Não enquadro na minha vida, a possibilidade de eu decidir fazer um aborto. Se, por algum motivo, tivesse de o fazer, seria algo que me feriria profundamente. Como mulher e como crente. Mas o que acho certo (fruto da minha consciência, da minha formação humana e cristã) para mim, não quero impô-lo a outros. (...) O direito à vida é fundamental, mas não a vida a qualquer custo. Não basta dar a vida, é necessário amar, cuidar, proteger. (...) Gostaria de viver num mundo, em que não existisse o aborto. Mas não vivo. E manter a criminalização, não ajuda a tornar isso possível.» («Sobre o referendo de 11 de Fevereiro», no Jardim de Luz.)

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