sábado, 16 de dezembro de 2006

Aborto na Nova Guiné

Ontem descansei os olhos num documentário da TV2 sobre uma tribo da Nova Guiné. (Aqueles senhores que andam todos nus com cabaças à cintura.) Para além das peripécias da construção de uma piroga, um dos indivíduos, a dado ponto, foi recolher a seiva de uma árvore para fazer uma mistela abortiva. Ele explicou, com toda a simplicidade e nenhum embaraço, que ele e a mulher já tinham muitos filhos e que ela estava grávida novamente. Portanto, deu-lhe a mistela a beber dentro de uma cana. E ela bebeu.

Aquele povo vive com uma tecnologia da idade da pedra. Mas sabem recolher substâncias na floresta para fazer abortos.

4 comentários :

Ludwig Krippahl disse...

Também sabem recolher mistelas para afugentar os maus espíritos, fazer bruxarias, etc. Há algum indicio da eficácia dessa mistela em particular?

Ricardo Alves disse...

O facto de a usarem. Ao contrário do que acontece com as bruxarias, pode aferir-se a eficácia de um método abortivo.

Ludwig Krippahl disse...

Pode aferir-se também que a astrologia não funciona, mas muitos usam-na. Bem como rituais para engravidar, para fazer chover, e tantas outras coisas que se poderia aferir se funciona mas que não se pode concluir que funciona pelo simples facto de o fazerem.

Estava apenas curioso em saber se havia alguma indicação concreta que a mezinha funciona. É que o texto que escreveste sugere que sim, que têm esta tecnologia, mas não dá informações específicas. É tecnologia ou será apenas superstição?

Ricardo Alves disse...

As pessoas na aldeia parecem convencidas de que sim, de que funciona (o que não me espantaria, também alguma da «medicamentação» tradicional funciona). Mas o tema principal do documentário não era esse: era a construção de um barco(!).