sexta-feira, 29 de setembro de 2006

O liberalismo é...

Ainda a propósito do Arroja, meti-me no Blasfémias numa discussão de caixa de comentários sobre a pena de morte, a escravatura e o trabalho infantil. Descobri (sem grande surpresa, aliás) que o João Miranda não consegue estabelecer sem ambiguidades que qualquer uma das três práticas referidas seja negada a partir do núcleo fundamental de valores do liberalismo-BL. Quanto à pena de morte, ainda admite proibi-la mas nem sim nem sopas; quanto à escravatura foge da questão, e quanto ao trabalho infantil acha que proibi-lo pode ser pior do que permiti-lo.

Fiquei esclarecido. O liberalismo é o novo barbarismo.

10 comentários :

Pedro Fontela disse...

Calma aí Ricardo :), o liberalismo sem estar atado a uma concepção exclusivamente económica não é nada disso.

O liberalismo é na minha opinião o mais puro herdeiro das luzes. O facto de alguns conservadores não conseguirem seguir esse conjunto de ideias coerentemente em todas as esferas não diz mal do liberalismo mas sim de ditas pessoas. Estas generalizações são daninhas para um genuino liberalismo.

Quanto ao João Miranda sempre achei que acima de tudo ele é um polemista.

João Moutinho disse...

Não me parece que o liberalismo tenha de ser o novo barbarismo.
Depende da consciência das pessoas e como se queiram organizar.
Nos países escandinavos existe um sistema bastante mais liberal sob diversos pontos de visto do que nos países mediterrâneos e isso não impede que haja uma maior coesão social.
A pena de morte é acima de tudo uma figura de retórica.

Ricardo Alves disse...

Mesmo descontando a vertigem polemista/demagógica de alguns bloguistas, existe algo de estranho quando a designação «liberal» é reclamada por aqueles que transigem com a pena de morte, insistem em argumentos economicistas sobre a escravatura, defendem o trabalho infantil, limitam o que se pode decidir em democracia a quase nada, e admiram Marcelo Caetano.

jcd disse...

Há por aqui um estranho problema de compreensão.

cãorafeiro disse...

pedro fontela e restantes liberais.

eu não sou liberal, mas há-que notar que há um conjunto de princípios que historicamente foarm chamados liberais e que são património comum de todos os democratas.

agora, o que eu não percebo é como ´que vocês, que são liberais, não reagem com mais força à forma como os ideais que defendem são prostituídos por estes senhores que se dizem liberais, mas são do mais totalitário que eu tenho visto.

historicamente a esquerda democrática sempre se bateu contra o totalitarismo comunista.

os comunistas diziam que eram socialistas e democratas, mas davam a tais palavras um conteúdo muito deiferente.

ser liberal e não ser completamente contra a pena de morte é não ser liberal.

porquê que então deixam margem a que destruam desta forma os ideais que defendem?

""#$ disse...

Pedro fontela: com todo o respeito pela tua opinião, mas este comentário teu é "below standard" do que tu escreves normalmente.

Depois penso e digo-te com toda a sinceridade que devias demarcar-te e desmarcar-te o mais possível de coisas tipo blasfémias e quejandos.

Aqueles senhores não são liberais de coisa nenhuma nem sequer sabem o que isso é.

Aqueles senhores são protótipos aspirantes a serem protótipos totalitários.

Pessoas que defendem que a dimensão económica deve sobrepor-se à dimensão política na organização de uma dada sociedade não devem sequer ser considerados como aptos a terem dialogo com quem quer que seja. do campo democrático.

Este principio de fazer as coisas é o mesmo princiio que uma qualquer boa ditadura marxista/maoista faz.
Submeter as pessoas a uma organização economica errada e profundamente danosa.

Aquelas pessoas defendem a pena de morte mas são absolutamente incapazes de admitir isso em termos publicos e apenas por questões meramente tácticas.

Flutuam nas posições sobre escravatura porque tem medo de defende-la publicamente , porque sabem que isso provocaria um motim, logo entram em tergiversações acerca do assunto:

por meras questões tácticas.

Defendem o fim do estado e admiram marcelo Caetano e o salazarismo, procurando contar com a condescendencia de pessoas de esquerda e com a igniarancia e falta de memória histórica e só não vão mais longe nessa situação

por meras questões tácticas

derivadas de não se quererem expor demais antes de tempo.

O que a mim me admira é que alguams destas pessoas , trabalhem ou já tenham trabalhado para o Estado, que saiam de casa e andem de carro em estradas publicas, que sejam alguns advogados e aceitem as decisões de um juiz ,pago pelo estado.
E por aí em diante.


Por isso, pedro Fontela, desculpa lá a minha franqueza(não é nada d epessoal), mas mesmo que tu digas isto:
"""o liberalismo sem estar atado a uma concepção exclusivamente económica não é nada disso. """

e acredites nisto, isso não significa que aquelas pessoas tenham alguma vez acreditado no conteudo do que tu dizes acima e eu trasncrevi.

Para aquelas pessoas liberalismo é economia.

De preferencia numa ditadura politica onde ande tudo debaixo da rodinha deles e dos amigos deles.

Basta ler os posts completamente doentios de alguns deles acerca da vinda do guru, com expressões do estilo " se este homem há 2 anos tivesse tido acesso a fazer não sei que, estariamos não sei onde."

Portanto estas teorias de homens providenciais já vem de 24 de abril de 1974 e agora temos aqui os herdeiros armados em espertos, a usarem as facilidades da democracia para a foderem por dentro e ulterioemente rebentarem com ela.

E nessa altura , mesmo que eu me coloque na posição de achar que tu, pedro fontela és um liberal genuino , digo -te o seguinte: nessa altura esta pandilha corre contigo e desprezará os teus valores, porque já serviste de "idiota util"; de "battering ram" que ajudou a abrir caminho mas depois é mandado fora.

Pedro fontela: quando criticados, a resposta é sempre dizer que são os outros que nao comrpeendem.
É natural.

Só os eleitos, os ungidos de deus é que podem perceber o que é liberalismo.
o resto dos comuns mortais é colocado numa posição argumentativa segundo a qual não comprende...o bem que lhe fazem os "homens liberais".

Como não aceita é rotulado de "incapaz de compreender" ; uma técnica de menorização,
é uma técnica util de arranjar poder e legitimidade, mas não passa disso mesmo.

Os defensors do comunismo utilizavam a mmesma técnica.
Os adversos eram incpazes de perceber a beleza dos amanhãs que cantam .
Depois viu-se o resultado.

Agota temos outros chicos espertos a utilizar a mesma técnica.
E a exigirem cheques em branco.

Pedro Fontela disse...

Caorafeiro,

Bom ponto e vou responder. Para começar não tenho estado quieto, sou associado a um movimentos político que considero genuinamente liberal (O Movimento Liberal Social) e por isso não estou (nem estamos) politicamente calado(s), mas é óbvio que é complicado competir com estes liberalismos truncados que vão surgindo por várias razões:
- Regra geral os autores conservadores que defendem um liberalismo estritamente económico têm mais projecção mediévica (até internacionalmente) porque estão melhor instalados no sistema vigente (o tal sistema que eles odeiam...)
- Um polemista como o João Miranda ou outro atraí mais atenção do que qualquer ideia razoável e intelectualmente honesta que eu outro liberal possa apresentar (quer se esteja a falar de blogs ou de outros meios de comunicação) – é que para começar é uma questão de difusão.
- A maioria dos autores a que fazem referência não são sequer liberais em qualquer sentido da palavra, são anarco-capitalistas ou similares.
- Por fim é honesto dizer que até com alguns desses senhores concordamos pontualmente em termos de liberdade económica (mesmo se não concordamos na mesma profundidade ou pelas mesmas razões). A nossa crítica é que eles não são nem coerentes nem consequentes no seu “liberalismo”.

Para terminar é importante frisar que NÃO estamos ausentes do debate ou da política! Acontece que de momento (mas espero que não por muito mais tempo, estamos a trabalhar para isso!) estamos em minoria. O extremismo (em muitos casos académico) é mais fácil que uma atitude realista.

Pedro Fontela disse...

Pedro Silva,

A honestidade é bem vinda (Não esperava menos!). Não achava que era necessário demarcar-me de Blasfémias ou Insurgentes porque nunca me alinhei pela cartilha que parecem partilhar. Aliás já não comento em nenhum dos dois por simples exasperação.

Que alguns dos autores desses espaços têm tiques autoritários e que são espaços maioritariamente conservadores está para além de discussão, que não me revejo nessas posições e que jamais ponderaria uma aliança com personagens dessas é uma conclusão lógica – não pode haver aliança quando não existem objectivos comuns.

E digo aqui outra vez que o liberalismo não é essencialmente economia (não foi isso que me atraiu ao conceito inicialmente) mas também é economia – um regime não pode ser liberal se não existir a liberdade empresarial adequada; mas isso está longe de um anarco-capitalismo ou de um regime corporativista.

Ricardo Alves disse...

Arnaldo,
esse liberalismo será, por exemplo, o do Pedro Fontela.
Há pessoas no Blasfémias para quem o valor primacial não é a liberdade, é a propriedade privada.
A diferença fundamental é essa.

cãorafeiro disse...

arnaldo, vá à wikipedia e veja a entrada dedicada ao libertarianism.

e siga os links.

é dessa água que bebem os nossos pseudo-liberais. gente que não se pronuncia sobre a legitimidade da prática legal do aborto, mas apoia os manifestante que, à porta das clínicas, exercem uma violenta coacção contra pacientes e pessoal médico. em nome da liberdade de expressão, protegem o «hate speech». mas não protegem a liberdade de cada um dispor do próprio corpo.

veja as posições sobre a escravatura.

não o conheço, logo não sei quais as suas simpatias ideológicas.

estou apenas a dar-lhe uma pista.

se quiser, compare tudo isso com o liberalismo universalista de popper...