sábado, 15 de julho de 2006

Cinco semanas em Portugal

Acabaram-se-me as férias em Portugal. Cinco semanas. Tenho de confessar que me senti um bocado português e um bocado turista americano. Afinal, há já nove anos que estou no Texas!

Fez-me impressão a ausência absoluta de sentido de classe das pessoas, que se deixam enganar e roubar pelo Partido “Socialista”. Todas as noites o telejornal dava conta de mais um ataque do governo contra à população. Em resposta os portugueses iam para a rua dançar embrulhados na bandeira nacional...

Sabe-se há muito que a classe alta tem boa memória e que as classes média e baixa não percebem nada de nada e acabam sempre a lamber as botas a quem as rouba e as oprime.

Mas mesmo assim é dificil – pelo menos para quem já não está habituado – assistir a isto tudo.

Ao menos nos EUA as pessoas sabem que quem tem poder tem o direito de abusar e acham bem. E embora os talibans do campo façam barulho a Constituição sublinha o facto de os governos emanarem do povo, fala em liberdade e na conquista da felicidade na Terra...

Em Portugal são todos os anos os mesmos abusos da administração pública, a mesma atitude autoritária nas mais pequeninas coisas, sem nunca mudar, como no tempo do Eça, sem que as pessoas estranhem, se rebelem, se indignem.

10 comentários :

cãorafeiro disse...

«««Sabe-se há muito que a classe alta tem boa memória e que as classes média e baixa não percebem nada de nada e acabam sempre a lamber as botas a quem as rouba e as oprime»»»

naturalmente que a validade desta afirmação depende da operacionalização do conceito de classe alta...

mas fico sem perceber de que forma a classe alte faz uso da sua boa memória...ah, deve ser para construir condomínios do luxo na antiga sede da PIDA na rua antónio maria cardoso, em lisboa. tem razão, prezado filipe, a classe alte tem mesmo boa memória.

Anónimo disse...

Boa viagem para o Texas redneck!
A puta que te pariu!!

Ricardo Alves disse...

«cãorafeiro»,
o Filipe tem razão. A classe alta tem boa memória. Sabe bem de onde veio e para onde quer ir. Não esqueceram nem o 25 de Abril, nem a descolonização, por exemplo. Aliás, alguns nem a implantação da República esqueceram...

João Moutinho disse...

Ricardo Alves,

Houve classe alta que se opôs ao 25 de Abril, mas houve outra que foi colaborante (nem que tenha sido por resignação).
Nem todos foram expropriados da mesma forma.
E porquê esta vossa distinção tão cristalina entre a alta e as outras?
Não há nenhuma forma de estar ou ser que seja transversal ás diferentes classes?
Estou de acordo com o facto de termos uma fraca cultura de cidadania - penso que o texto fala disso.
Em todo o caso temos um Presidente (não digo que seja bom ou mau) que veio da classe média. Dos outros candidatos havia um da classe baixa e três da classe alta.
Gostava de saber porque é que determinado anónimo não se identificou, só se ele pensa que vive outra época....

dorean paxorales disse...

Bah para o "sentido de classe". Portugal é um país onde as gentes se afirmam com o estatuto que mais lhes convier no momento.

""#$ disse...

Ricaro Alves:
O cão rafeiro está de férias.

J.moutinho: começa a ser ingénuo pensar que existe um forma de estar transversal às diferentes classes.
E ,infelizmente o ricardo alves tem razão: existe gente que ainda não se esqueceu 25A ou descolonização, e mesmo a implantação da república e tudo fazem para subverter.
exemplo: www.teoriapolitica.blogspot.com/
O sr que faz isto é prof universitário...

Anónimo disse...

Se há coisa que este governo ten querido mudar é precisamente os abusos da administração e das corporações profissionais. Será a isso que se refere quando fala nos "ataques à população"? Este post não tem pés nem cabeça.

Outra coisa-em Portugal as elites nunca conseguiram criar uma cultura própria suficientemente forte para se impor como referência orientadora. O que imperou sempre foi mesmo o espírito popular,de que os governantes têm medo. O mal em Portugal está no povo. O povo é que não presta, por isso é tão difícil mudar alguma coisa neste país.

João Pacheco

dorean paxorales disse...

Ricardo Alves disse:
"Aliás, alguns nem a implantação da República esqueceram..."

Eu diria mesmo mais: até há quem se esqueça que sem implantação da república nunca teria havido 25 abril.

Ricardo Alves disse...

«até há quem se esqueça que sem implantação da república nunca teria havido 25 abril»

Pior ainda. Sem fundação da nacionalidade não teria havido a eleição do Cavaco.

Death to the Pixies.

dorean paxorales disse...

Ricardo Alves disse:
"Sem fundação da nacionalidade não teria havido a eleição do Cavaco."

Acho que até foi ele mesmo que lançou a primeira pedra, ainda no tempo do Balsemão... Aquilo passou desapercebido, dada a profusão de inaugurações que houve depois, mas eu estava lá e assisti.

É como a outra profecia, um dia terá de se cumprir mas hoje ainda há concerto.