segunda-feira, 24 de julho de 2006

Ah,a guerra...

Ainda não escrevi sobre a nova guerra no Líbano (e na Faixa de Gaza...) porque, honestamente, parece-me que não temos toda a informação relevante.

Que a guerra começou a pretexto de provocações dos islamofascistas, e com uma reacção desproporcionada que seria mais consentânea com uma ditadura, todos sabemos. Que ambas as partes a desejavam, parece razoavelmente claro. O que têm a ganhar, não compreendo. Israel não conseguirá destruir um partido armado que é por definição civil. O objectivo, desse lado, será reaver a «zona tampão» do sul do Líbano, se possível patrulhada por europeus ou estado-unidenses. O «Partido de Deus» poderá querer prestígio e influência para si ou (para quem acha que este é um mero fantoche da Síria e do Irão) fazer uma manobra de diversão.

Entretanto, quem morre são os civis libaneses (e, numa décima parte, os civis israelitas) e, a longo prazo, arruina-se qualquer hipótese de um Líbano democrático ou minimamente próspero. Para quê?

6 comentários :

dorean paxorales disse...

Um estado laico a prosperar nas barbas do profeta? Nem pensar!

Os raptos não tiveram outro objectivo senão o de provocar a intervenção israelita. E estes, como grunhos que são, cairam na esparrela.

Ricardo Alves disse...

«Um estado laico a prosperar nas barbas do profeta? Nem pensar!»

A única coisa na região parecida com um Estado laico é a Turquia. Por isso, não compreendo o teu comentário.

no name disse...

dorean, israel não é um estado laico (apesar de ser o país do mundo que tem a maior percentagem de população declaradamente ateia). aliás arrisco o palpite que, se fosse um estado laico, a crise com a palestina seria muito mais fácil de resolver -- possivelmente através da criação de um estado único.

dorean paxorales disse...

Quando me apercebi da interpretação que podia ter era tarde demais.
Não falava de Israel, o tiro foi ao lado. Agora tenho de ir ali, respondo mais tarde se possível.

dorean paxorales disse...

As guerras civis no Líbano têm sido, desde a independência, justificadas pelo conflito entre as parcelas religiosas da sociedade que pretendem a institucionalização da suas própria confissões. Poupemo-nos às descrições maronitas/druzas/...: simplifico assim sem medo de erro.

Nessas lutas intestinas, resultado e causa das invasões pelas potências vizinhas, obviamente pouco respeito houve pela maioria da população que se diz laica e que anseia por um estado correspondente.

Tal nunca agradou aos estados árabes que redigiram os acordos de Taifa (1989). Coincidindo com os seus interesses próprios, a Síria não também retirou em 2000 (Israel sim).
E se não retirou, melhor o fez, assassinando a gosto jornalistas e políticos não-religiosos, como o ex-primeiro-ministro Hariri.
Acabaram por sair por força da resolução 1559 (2004) e da chamada "Revolução do Cedro", em 2005.
Três meses depois, o resultado só pode ser chamado de interessante, com todos os antigos inimigos (os tais druzos, cristãos, sunitas, et c.) a ganharem as eleições em 2005 em forma de aliança anti-síria: um governo descomplexadamente multi-credo, que até inclui membros do Hezbollah.
Mas se todos os grupos religiosos estão no governo quem faz a oposição? Bom, os mesmos grupos religiosos, desta feita com a tabuleta "oposição" à frente. Todos estão no poder, todos estão na oposição: as antigas divisões confessionais perdem gradualmente valor à luz do escrutínio público.

Entretanto, e também à custa de bastantes subsídios e investimento europeus e americanos o país volta a crescer e a modernizar-se. A classe média urbana reconquista o seu espaço.
A sociedade dessacraliza-se e, por isso mesmo, desenvolve-se, e mostra viver melhor que os seus vizinhos sírios (onde os jornais libaneses têm bastante circulação): tudo "nas barbas do profeta".
Nem a Síria nem o Irão hesitarão em usar o famigerado Hezbollah para colocar um fim a isto.

Filipe Castro disse...

Concordo plenamente. E os americanos e os israelitas cairam (mais uma vez) na esparrela, retaliando para cima dos civis e alargando a base de apoio dos terroristas islamicos.

A melhor jogada estrategica dos terroristas tem sido aproveitar a estupidez americana/inglesa/israelita e tornar este conflito numa guerra religiosa entre cristaos e judeus e o Islao inteiro.

Ha pouco tempo li que antes da invasao do Iraque os apoiantes do terrorismo islamico no Bangladesh (considerado o pais mais religioso de todos os paises islamicos) eram menos de 1%.