terça-feira, 27 de dezembro de 2005

Mais Cavaco, mais instabilidade

O melhor da entrevista de Cavaco Silva ao Jornal de Notícias:
  • A mentirinha inocente sobre a decisão de se candidatar: «Foi um mergulho súbito para o que, confesso, não estava lá muito bem preparado. (...) Foi um mergulho sem preparação
  • A promessa de ser implacável com Sócrates: «A primeira tarefa que gostaria de realizar era uma conversa longa com o primeiro-ministro.»
  • A ameaça de modificar o regime na sua vertente simbólica: «A primeira cerimónia a que o próximo presidente vai presidir será a comemoração do 25 de Abril. O que diria para lembrar essa data?-Ainda não pensei nisso. No passado, assisti a discussões e até a desejos de se modificar a cerimónia do 25 de Abril».
  • O desejo de mandar em todos os sectores da política económica, até aos mais ínfimos detalhes: «Vai usar até à exaustão o poder da palavra?-Ai isso vou. Vou falar. Uma palavra-chave para mim é cooperação. Há aí candidatos que estão nervosos por eu dizer que vou cooperar com o Governo, mas até digo mais, alargarei esses estímulos e contactos à sociedade. Por exemplo, preocupam-me muito os nossos têxteis e calçado. Tenho dito, e continuarei a dizer que é uma ilusão pensar em substituir, de um momento para o outro, os têxteis por indústrias tecnologicamente avançadas. Este sector tem de ser apoiado na direcção da qualidade, na marca».
  • A vontade de desenhar o organigrama do Governo: «Podia existir um responsável do Governo que fizesse a lista de todas as empresas estrangeiras em Portugal e, de vez em quando, fosse falar com cada uma delas para tentar indagar sobre problemas com que se deparam e para antecipar algum desejo dessas empresas se irem embora, para assim o Governo tentar ajudá-las a inverter essas motivações. Tem de ser um acompanhamento com algum pormenor que deveria ser feito por um secretário de Estado especialmente dedicado a essa tarefa.
    Vai propor isso ao Governo?-Já o estou a propor aqui
  • A interpretação maximalista dos poderes presidenciais, exigindo poderes legislativos para o Presidente: «Admite sugerir legislação ao primeiro-ministro?-Nas conversações com o primeiro-ministro, se entender que existe um domínio que carece de uma lei ou que tem legislação em excesso posso trocar impressões com ele. (...) O presidente pode sugerir intervenção legislativa nalgumas áreas

4 comentários :

Carim disse...

"Vai dar algum sinal de contenção das despesas em Belém?

Com certeza, não serei um presidente gastador. Serei muito contido dentro dos limites orçamentais que sejam fixados para a Presidência. Farei só as viagens que considerar indispensáveis..."

Olha desta vez Cavaco vai ser "poupado"... Sim, porque quando foi Primeiro Ministro, acumulava pensões (funcionário do Banco de Portugal, professor catedrático e primeiro-ministro) num total de 9356 euros, além de que se aposentou da Universidade Nova para auferir ainda outro vencimento numa Universidade privada... Mas ele agora vai ser poupado coitadito... vai só fazer as viagens que considerar indispensáveis...

André Carapinha disse...

Excelente resumo. Vou linkar no 2+2=5.

Carim disse...

Também eu vou linkar este excelente post ao "Quarto Poder" se não te importas

Anónimo disse...

Dia 22 todos à urnas.
Cavaco Presidente!? Não, obrigado.